Quem está satisfeito com as próprias escolhas não se mete nas escolhas alheias.

Quem está satisfeito com as próprias escolhas não se mete nas escolhas alheias.

Quem está satisfeito com as próprias escolhas não se mete nas escolhas alheias.

Ivonete Rosa – 29 de dezembro de 2017 

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Seria pedir demais que cada pessoa vivesse a sua realidade e suas escolhas e respeitasse as escolhas das demais? Sinceramente, quando a gente pensa que a humanidade está evoluindo, percebemos um grande retrocesso, nunca a temática diversidade foi tão defendida e debatida, entretanto, na prática,  a realidade é outra. Em pleno 2018, ainda existem pessoas que atribuem o caráter de uma pessoa ao estado civil dela, dessa forma, uma pessoa divorciada é vista como alguém irresponsável, egoísta e sem valores morais.

Ninguém quer saber, ao certo, o motivo que está por trás da ruptura de um matrimônio, mas muitos estarão ávidos por julgar e discriminar os envolvidos nela. E o que dizer das pessoas que são discriminadas por serem solteiras? Será que a hipocrisia chegou ao nível master de querer nos empurrar goela abaixo que todos os casados são felizes? E o casal que optou por não tem filhos? Ah, esse é visto como anormal e, no  melhor, das hipóteses, muito egoísta.

Daí vem uma pergunta: será que todos os casais que colocaram filhos no mundo estão fazendo o seu melhor por eles? Será que tiveram filhos por um desejo real ou por receio de serem pressionados pela sociedade? É justo colocar uma vida no mundo sem a devida motivação de dedicar-se a ela?

Hipocrisia à parte, penso que seria melhor evitar a maternidade/paternidade a colocar uma criança no mundo para sofrer, dentre outros abandonos, o abandono afetivo. Vivemos numa sociedade onde, no geral, as pessoas estão muito focadas na vida alheia, muitos,  presunçosamente, querendo impor o seu modo de viver como a referência do que seja o ideal.

Eu não sei de onde surgiu a crença de que uma pessoa solteira é infeliz, bem como não sei a origem da premissa de que, uma vez casada, tomará posse da felicidade, automaticamente. Existem tantos casamentos de fachada, no qual os envolvidos enxergam  um ao  outro alguém para descarregar o que tem de pior dentro de si. Mas, são essas pessoas, as primeiras a se incomodarem com alguém que  tem a coragem de sair de um casamento infeliz e falido.

Seria uma frustração ao notar que alguém ainda é capaz de tomar uma atitude em prol da própria felicidade enquanto elas ficam lá acovardadas vivendo uma casamento miserável? Por que será que é tão difícil para algumas pessoas respeitarem as opções dos outros? Seria tão bacana um mundo onde os solteiros vivessem em paz, sem aquelas perguntas e insinuações tão inconvenientes do tipo: ” o tempo está passando”, “daqui a pouco não vai poder ter filho”…e daí?

Especialmente sobre a cobrança às solteiras: quem disse que o sonho de consumo de toda  mulher é casar e ter filhos? Outra  coisa: pode ser que exista, sim, a solteira que queira se casar e ser mãe, mas ainda não deu certo de ela encontrar a pessoa e a coisa acontecer, nesse caso, é bom ter o bom senso de respeitar também, certamente essa pessoa já está lidando com as próprias cobranças e angústias,  então seria sensato poupá-la das cobranças externas, não é mesmo?

Uma coisa é fato: uma pessoa que esteja, de fato, feliz com  a vida que leva não teria razões para se incomodar com a vida do outro. Basta pensar: que prejuízo terei pelo fato de alguém ser solteiro, divorciado, casado ou amigado? Então, não há razões para ninguém se incomodar, não é mesmo?

Relatei as interferências e preconceitos  referentes ao estado civil, mas isso é perfeitamente aplicável às demais escolhas das pessoas: religião, opção sexual, modo de criar os filhos, etc. Que cada um de nós possa contribuir para uma sociedade onde prevaleça o respeito às diferenças, acho que isso não é querer demais e é plenamente possível.

 

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