Houve um tempo em que você mendigava amor.
Eu sei que você já mendigou amor, e posso imaginar o quanto sente raiva de si mesmo(a) quando se lembra disso. De vez em quando, você fica perambulando pelo passado e se depara com essa triste realidade. Sei do desgosto que sente pelas incontáveis vezes em que relevou atitudes imperdoáveis de parceiros(as) que nunca honraram esse título, afinal, verdade seja dita, naquele relacionamento, a parceria só existia da sua parte.
O tempo passou e lhe revelou verdades duras, porém, transparentes e indispensáveis ao seu amadurecimento. Seguramente, você pensa em cada situação em que fez cara de paisagem diante de evidências graves envolvendo aquele relacionamento sem futuro que você insistiu em chamar de amor. Sei que não se conforma das vezes em que se iludiu acreditando que mudaria o caráter daquela pessoa. Todos o a(a) alertaram, mas você se revestiu de ilusão e disse: “comigo ele(a) será diferente”.
Você via a balança sempre pesando para um lado, nunca existia igualdade nas doações de afeto, respeito, carinho e confiança. Você olhava aquele(a) parceiro(a) e, muitas vezes, aquele restinho de dignidade que ainda lhe restava exigia um posicionamento da sua parte. Ainda existia uma voz abafada aí dentro da sua alma que de vez em quando gritava: “você não merece isso, se valorize…olha a que ponto chegou o desrespeito dessa pessoa por você!”
Em determinados momentos, você já nem sabia mais se merecia esse tal respeito, você já estava tão acostumado a ser destratado(a) que já achava tudo normal, por mais inaceitável que fosse o tratamento que o outro lhe dispensava. Foi uma luta ferrenha entre o seu resquício de dignidade e a sua auto estima estraçalhada, eu sei. Nem tudo estava perdido, ainda bem, a sua dignidade falou mais alto e você reagiu em favor de si mesmo(a).
Aos pouco, a sua lucidez foi voltando e você foi compreendendo que aquilo não era um amor, era, sim, um vínculo que destruía o que você possuía de mais bonito. Você tinha a consciência de que não seria fácil se livrar daquela situação, mas, foi pouco a pouco, se municiando de coragem e atitude até dizer “chega”. Nesse processo, houve muitas recaídas, mas você não desistiu de si mesmo(a).
Você rompeu aquele relacionamento usando o cérebro como norteador, e, foi aos poucos, mostrando ao seu coração que aquela foi a melhor decisão. Por fim, chegou aquele dia em que você se deu conta de que aquela pessoa não era mais o seu primeiro pensamento ao acordar, tampouco, o último antes de pegar no sono. Então, você sorriu e sentiu um baita orgulho de si. Agora, para fechar com chave de ouro, você precisa se perdoar. Você é humano(a) e como tal está sujeito a cometer erros, falhar, se enganar. O que não pode e não deve é você se abandonar, jamais.