Uma grande ilusão: acreditar que você consegue mudar o caráter do outro

Uma grande ilusão: acreditar que você consegue mudar o caráter do outro

Há uma grande ilusão que as pessoas costumam alimentar: a de que podem mudar o caráter de alguém.

Eu tenho visto, com frequência, pessoas fazendo cara de paisagem para alertas preocupantes que o parceiro emite logo no início da relação. Tenho visto mulheres acreditando que serão capazes de transformar homens mulherengos e cheio de vícios em parceiros monogâmicos e curados. Há ainda aquelas que culpam as ex do parceiro pela má conduta dele. Aquela história de “fulana não teve sabedoria, por isso o fulano era ruim com ela”.

A pessoa está sinalizando que não está na frequência da outra, a incompatibilidade está escrita em letras garrafais, mas não adianta. Um homem conservador conhece uma mulher completamente livre em sua forma de ser e se comportar, e ele cisma de querê-la porque ficou fascinado pela beleza dela. Fica claro que eles não combinam, os valores e os estilos de vida deles não dialogam, mas o cara investe todas as fichas nessa conquista. Nada demais em se fascinar pelo diferente, mas nesse caso, o homem tem a pretensão clara de transformar essa mulher em alguém ideal para ele. Ele quer aproveitar a beleza física dela e modificar todo o resto, como quem faz uma reforma num imóvel.

Há casos em que uma mulher percebe, pelas redes sociais, que um determinado homem tem uma vida bem desregrada. O cara é galanteador com todas as mulheres, inclusive as casadas e, mesmo assim, ela se interessa e acredita que, tão logo eles iniciem um relacionamento, ele vai abandonar aquela postura escrota e vai ter olhos só para ela. É um tiro no pé, coitada! Acontece de eles se envolverem e o cara piorar a postura, pois passa a assediar as amigas dela, inclusive.

Eu não sei ao certo o que leva uma pessoa a alimentar uma expectativa desse nível, a de transformar o caráter ou personalidade de alguém. Uma pessoa dessa é, no mínimo, muito pretensiosa. O lema delas é: “comigo ele(a) será diferente”. Existem muitas pessoas pagando com a própria dignidade esse desafio de mostrar que pode “reciclar” outras.