Quando a alma está em paz, os ruídos externos não incomodam
Quando a alma está em paz, os ruídos externos não incomodam
Há três anos, acordei ao som de uma pancadaria. O apartamento ao lado estava em reforma. Justamente num dia de folga em que eu desativei o despertador para me dar o privilégio de acordar naturalmente.
Em meio àquela pancadaria, algo me chamou a atenção: apesar de incomodada, minha irritação não foi potencializada. Vesti uma malha, e fui fazer uma caminhada num parque.
Enquanto caminhava, entrei em contato com o meu sentimento diante daquela situação. O normal era que eu ficasse extremamente mal-humorada pela forma como fui acordada, mas me dei conta de que aquela pancadaria não estragou o meu dia porque eu estava em paz comigo, e com a alma transbordando gratidão, eu estava numa fase maravilhosa da minha vida.
O barulho da furadeira no concreto tornou-se um “café pequeno”, aquela pancadaria não ecoou aqui dentro de mim, não perturbou a minha paz. Foi como se eu tivesse com uma proteção acústica na alma.
Quando estamos bem, ficamos mais tolerantes, levamos uma fechada no trânsito e, ao invés de esbravejarmos, simplesmente seguimos gratos por não ter ocorrido algo grave.
Não há dia nublado que ofusque o sol que carregamos na alma. Se a alma está em ordem, tudo fica mais fácil de administrar. Se estamos iluminados por dentro, nenhuma escuridão nos assombra. A gente acha um jeitinho para tudo.
Alguém, cuja irritabilidade soa desproporcional ao ocorrido, está vivendo um caos interno. Ele apenas aproveitou aquela situação para extravasar a tormenta que traz na alma.
Pessoas feridas, ferem. Pessoas curadas, curam. Pessoas que gritam e esbravejam só desejam que alguém as olhe nos olhos e diga: eu posso te escutar, você me parece nervoso(a).
Quando duas pessoas feridas se cruzam, a situação tende a se agravar. Há uma disputa sobre quem pode ferir mais. Como numa arena de lutas, da qual, ambas sairão mais machucadas que antes.
A nossa reação diante das circunstâncias apenas revela o nosso momento emocional.
