O amor que não é demonstrado não serve para nada

O amor que não é demonstrado não serve para nada
Muitas pessoas carregam essa crença equivocada de que, se você demonstrar o amor que sente, o(a) parceiro acaba perdendo o interesse. Por alguma razão, essas pessoas internalizaram a compreensão de que o amor não pode ser algo farto e espontâneo, ou seja, há a vinculação desse sentimento ao sofrimento e à escassez. São aquelas pessoas que, mesmo amando muito, só demonstram migalhas, deixando sempre o(a) parceiro(a) com a frustração de não receber afeto, atenção e cuidados de forma satisfatória.
Para contextualizar, vou relatar o desabafo de um ex-colega de serviço: ele me pediu socorro, aos prantos, porque a esposa foi embora. Aquele homem, tão dono de si, e tão frio, desnudou sua alma para mim. Por diversas vezes, eu pude presenciar a forma tosca com que ele tratava a esposa. Durante o nosso expediente de trabalho, a mulher ligava e ele era rude com ela, ou nem atendia. Era constrangedor o tratamento que ele dispensava a ela. Conforme fui criando vínculo com ele, eu passei a alertá-lo sobre a possibilidade de ela reagir e não tolerar mais aquilo. Ele rebatia: “mulher não gosta de homem muito grudento, homem carinhoso demais só serve de capacho”.
Não demorou muito, e a minha previsão se cumpriu. A mulher deu as contas dele. Ele ficou sem chão. Aos soluços, ele me disse: eu daria tudo para provar que a amo, eu queria fazer tudo diferente, ela é a minha vida. Eu apenas o ouvi com respeito, mas confesso que não torci para que se reconciliassem. Sendo sincera, eu não senti pena dele porque perdi as contas das vezes em que o vi sendo um ogro com a mulher por telefone, sem contar das coisas absurdas que ele falava sobre o cotidiano deles. A frase que ele mais usava era: “lá em casa, sou eu que falo mais alto porque sou eu que coloco comida em casa”.
Fica a lição: o amor é para ser demonstrado sem reservas. O toque físico, o carinho, o chamego, as palavras carinhosas não custam dinheiro e, ainda que custassem, valeria a pena o investimento. Ninguém se casa para ser maltratado. Se tiver que ser ‘econômico’, economize na impaciência, na intolerância e na indelicadeza. Quanto ao amor, pode abrir as torneiras.