Transtorno de Personalidade Borderline: o pavor da rejeição
Transtorno de Personalidade Borderline: o pavor da rejeição
Escrevi esse texto numa linguagem bem cotidiana. É possível que você trace links com pessoas conhecidas.
O Transtorno de Personalidade Bordeline afeta cerca de 1% a 6% da população mundial e sua prevalência é maior entre mulheres. O termo “Borderline” sugere que o portador desse transtorno vive às margens ou no limite das emoções. São emoções que transbordam. Daqui em diante, vou me referir ao Borderline como Border.
O Border tem como principal característica as dificuldades nos relacionamentos, sobretudo, os íntimos, pois a sua instabilidade de humor torna qualquer vínculo insustentável.
As alternâncias de humor acontecem num intervalo de tempo muito curto. É comum a pessoa acordar feliz e otimista, mas um objeto que cai, colocar tudo a perder, levando-a a ficar furiosa. Acontece de o Border ser confundido com o bipolar, porém, algo os difere: o bipolar vive fases de euforia e tristeza, contudo, há um espaço de tempo maior entre as duas fases, já o Border, vive as duas fases praticamente misturadas, de um instante para o outro, o humor pode despencar ou elevar.
O carro chefe do comportamento do Border é o medo do abandono e da rejeição. Há um sofrimento visceral com a ideia do abandono real ou imaginário. Ele precisa estar grudado em alguém para validar a sua existência. Há uma projeção no outro, ao ponto de praticamente assumir a personalidade alheia. Isso pode ser percebido, nos casos em que uma mulher namora um roqueiro, e, mesmo sem se interessar por rock, investe em aprender o máximo possível sobre esse gênero musical.
O Border possui uma personalidade fluida e um vazio existencial crônico, por isso, acaba assumindo a personalidade das pessoas com as quais se relaciona.
Os portadores desse transtorno se dividem em dois perfis: os explosivos e os implosivos. Os primeiros são os que extravasam tudo o que sentem no ambiente externo, seja agredindo as pessoas verbal ou fisicamente, ou quebrando objetos. Já os implosivos, não externam as suas emoções destrutivas, porém, elas implodem por dentro e costumam adotar comportamentos autodestrutivos como ferir o próprio corpo, e em casos mais extremos, atentam contra a própria vida.
Os Borders são o oposto dos psicopatas, pois eles sofrem e fazem os outros sofrerem por excesso de sentimento; enquanto os psicopatas causam o sofrimento alheio sem se afetar por isso.
Nos contatos superficiais, os Borders são excelentes companhias. São extrovertidos, intensos e divertidos, porém se a convivência ganha um caráter mais íntimo, aparecem as dificuldades e os conflitos. É na intimidade que o Border se revela como inseguro, controlador e ciumento. Por ter muito receio de ser rejeitado, sufoca a pessoa (amigo ou parceiro) e acaba atraindo a tão temida rejeição, por incomodar demais o outro.
No geral, as mães Borders cobram demais dos filhos, e nunca se doam a eles, pois estão focadas em controlar a vida do parceiro amoroso. São mulheres dramáticas e inseguras, percebendo o fantasma do abandono e da rejeição mesmo nos contextos em que não há motivos.
Os Borders possuem uma péssima imagem de si próprios, tanto do ponto de vista físico, intelectual ou patrimonial. Eles estão sempre se avaliando de forma negativa, sempre aquém do que realmente são. Há, ainda, a predisposição ao apego a tudo o que for negativo e vinculado ao sofrimento, por exemplo, uma pessoa que levou um fora na adolescência irá lembrar disso vinte anos depois com o mesmo sofrimento da época.
O diagnóstico só será possível no final da adolescência ou na fase adulta, uma vez que os primeiros traços do transtorno costumam manifestar-se com as primeiras decepções amorosas. Quanto as causas desse transtorno, não há um fator desencadeador específico, e sim uma conjunção de fatores que podem estar relacionados ao abuso s3xu@l na infância, abandono, negligências, vivências traumáticas, separações abruptas etc.
Sobre o tratamento, não é possível falar em cura, mas, em controle. Para isso é necessário que o indivíduo faça uso de medicamentos para controlar a ansiedade, e psicoterapias para que ele tenha acesso às questões que lhe causam conflitos e encontrar a melhor forma de administrá-las. Texto de Ivonete Rosa