Eu aprendi a voar caindo nos abismos da vida
Eu aprendi a voar caindo nos abismos da vida
Eu saí do casulo, lugar espremido, que me fazia acreditar que rastejar era o meu destino. Eu adoro quando me dizem “nossa, como você está diferente”. Essa frase soa como música para os meus ouvidos, independente da intenção de quem a pronuncia para mim.
Minhas asas brotaram nos momentos em que fui jogada nos abismos da vida. Foram tantos, que até perdi as contas. Ali, eu não tinha outra opção, era aprender a voar ou desistir de mim. E, se tem uma coisa que eu tenho de sobra é teimosia. Ser teimosa também tem suas vantagens, sabia? Graças à teimosia eu vi as minhas asas nascerem.
De abismos, eu entendo bem, já me despenquei em vários deles. Em alguns, eu caí por minha responsabilidade; em outros, fui jogada, covardemente, empurrada por mãos que eu esperava que me protegessem.
Mas, para a minha surpresa, foi dentro de cada abismo que vi minhas asas brotarem. E, a sensação de experimentar um voo, mesmo que vacilante, tímido e curtinho, é indescritível. Eu percebia que dentro de mim havia uma reserva de energia vital, até então, desconhecida.
Quando eu conseguia sair do abismo, saía transformada, era impossível ser a mesma. A parte mais difícil era perceber que parte da minha inocência e a confiança que eu tinha em muitas pessoas ficaram lá, no fundo do abismo, irrecuperáveis.
Eu aprendi que, assim como aprendi a andar de bicicleta, eu também posso aprender a voar. É tudo uma questão de treino, e de não me intimidar com as quedas. Eu entendi que os meus medos e são tímidos quando os encaro nos olhos. Eles sempre recuam quando dou um passo para enfrentá-los.
Eu compreendi que os abismos são escolas que promovem aulas práticas de voos. Foi no abismo que eu me tornei essa escritora tão apaixonada que ignora qualquer cansaço quando a alma quer falar. Nesse momento, estou de plantão de 24h no Corpo de Bombeiros, meu corpo e minha mente estão exaustos, mas a minha alma voa em busca de vidas para entregar essa mensagem.