Ela demoliu a velha estrutura. É tempo de reconstrução

 In Comportamento
Texto da Psicóloga Ivonete Rosa | @ivoneterosa.escritora

Ela demoliu a velha estrutura. É tempo de reconstrução

A cada dia, ela amanhece com uma nova percepção acerca do mundo à sua volta e sobre si mesma. Tantas “verdades” que lhe empurraram goela abaixo, sem que ela tivesse ao menos a oportunidade de questioná-las. Ensinamentos que nunca a interessaram, regras alheias, vindas de pessoas que ela nunca admirou.

Ela tem consciência de que essa desconstrução não será um processo fácil. Ela sabe da complexidade envolvida nessa ressignificação. A reforma começou pela demolição da forma como ela percebia os relacionamentos afetivos.

Ensinaram a ela que, num relacionamento, a mulher não precisa gostar tanto do parceiro. Ancorando-se nessa premissa, ela subiu ao altar, sem frio na barriga, sem admiração, sem afinidades, e sem conexão alguma com o moço. Aquela mulher intensa sentiu na pele, e na alma, a angústia de trocar beijos com gosto de isopor por alguns anos.  Ela sentia-se uma morta-viva ostentando aquela aliança que mais simbolizava uma algema. Um dia, criou coragem e pediu o divórcio, decisão da qual ela sente muito orgulho.

Agora, ela está focada em olhar para dentro de si, em busca da própria identidade. Foram tantos “sins” querendo dizer “não”; tantos “nãos” com os olhos famintos querendo dizer “sim”. Ela começa a compreender que não é possível ser feliz e viver com autenticidade vivendo longe da própria essência.

Na realidade, ela ainda nem sabe quem é, de fato. Ela nunca fez escolhas levando em consideração as próprias vontades. A opinião dos outros sempre prevaleceu em sua vida.

Tudo o que ela deseja daqui para frente é viver o que acredita, sem receios de julgamentos. Chega de receita pronta, ela quer testar os ingredientes que ela escolher, errando e aprendendo, mas, acima de tudo, sendo ela mesma.

Um passo de cada vez, ainda que vacilante, não importa, ela quer andar com as próprias pernas. Sem usar ninguém como muleta, exercendo a própria autonomia e vivenciando a indescritível sensação dar voz ao que pulsa na alma, é disso que ela está falando. Ela vai longe, eu acredito. É um caminho sem volta. Vá, mulher, voe alto, abra bem essas asas de quem acabou de sair do casulo.

Ela demoliu a velha estrutura, é tempo de reconstrução.

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