Ela desistiu de morar de favor nos corações vazios

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Texto da Psicóloga Ivonete Rosa | @ivoneterosa.escritora

Ela desistiu de morar de favor nos corações vazios

Ela ainda não finalizou a decoração, mas já é possível perceber o capricho nos detalhes. O lar é novo, mas sempre existiu, é que ela nunca o havia notado como um lugar seguro para habitar. Essa mulher sempre preferiu morar de favor nos lares alheios, ela não gostava de morar em si mesma por não achar graça na própria vida, é isso.

Ela ainda se pega pedindo perdão a si mesma por ter se abandonado por tantas vezes. Esse auto perdão é fundamental para que ela possa morar em paz em seu novo lar. Não é justo que ela se crucifique pelas escolhas erradas do passado, ela fez o que teve condições de fazer, ela não tinha a autonomia emocional que ela tem hoje.

Por ironia do destino, ela sempre buscou amor e amparo em quem não tinha nada a oferecer. Hoje ela reconhece que tudo o que ela buscava fora, existe dentro de si. Quanto tempo desperdiçado colocando os outros no pedestal enquanto dormia no tapete, puxa vida! Sempre dando o melhor de si ao parceiro e se contentando com as sobras, era assim a dinâmica dos seus relacionamentos amorosos.

O despertar só aconteceu depois de peregrinar por vários fundos de poços. Ela saía de um buraco e caía em outro. Era tanto desespero com a ideia de ficar sozinha que nem se dava um tempo entre uma barca furada e outra.  Fugia de si mesma, evitava cuidar da própria casa interior, mas se sujeitava a morar no porão da vida de um homem.

Quando ela tirou o olhar do outro e decidiu olhar para si, a mágica aconteceu. Num movimento inverso, ela passou a dedicar a si toda a atenção e cuidado que ela ofertava a quem não merecia. Ela tornou-se a própria prioridade. O autocuidado passou a fazer parte do seu cotidiano. Ocupada com a própria vida, não há mais tempo nem motivos para viver em função de “ter alguém”. Se alguém chegar, será para somar; não se trata mais de uma necessidade.

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