O despertar dela causa espanto

O despertar dela causa espanto

Ela já se quebrou inteira para ser aceita.

Atualmente, ela passa por uma metamorfose, mais uma para a coleção. Tudo indica que a transição que ela está vivenciando no momento, será a catarse que irá promover a faxina definitiva de todas as crenças limitantes que a levavam a viver tantas relações indignas.

É nítido que ela está transmutando todas as dores. Ela deu um salto quântico. Num despertar de causar espanto, ela girou a chave e acessou a senha de entrada às infinitas possibilidades que sempre lhe sorriram, mas que ela não percebia, porque nunca se sentia merecedora do que é bom, belo, leve e digno.

A crença de escassez que havia enraizado nela reverberava em todas as áreas de sua vida, sobretudo, nos relacionamentos amorosos. Ela sempre recebeu muito pouco em relação ao que oferecia aos seus parceiros. Ela era portadora da síndrome da salvadora. Ela sempre atraiu homens que estavam no fundo do poço e que vibravam escassez. A intenção era doar a eles o melhor que ela tinha, em todos os aspectos, e restaurá-los para quem sabe, ser retribuída com alguma gota de gratidão e um farelinho de afeto.

Acontece que o tiro sempre saía pela culatra. O resumo de suas relações era: ela se doando, recebendo migalhas e, quando o parceiro se sentia inteiro, voava para outro ninho, para respirar outros ares. Ou seja, se dava alta do centro de reabilitação.

Ela sabe o que é se quebrar em pedaços para manter um homem inteiro. Era uma quebradeira generalizada: quebrou o pouco da autoestima que restava, quebrou a saúde emocional, quebrou o orçamento para presentear quem nunca mereceu. Chegou a quebrar a própria casa fazer dela um lugar aconchegante para alguém que passaria alguns dias com ela.

De tanto se quebrar para ser aceita, percebeu que estava deixando de existir. Eis que agora ela está fazendo o caminho inverso. Decidiu fazer uma imersão em si mesma, auxiliada pela psicoterapia, está escrevendo uma versão inédita de uma mulher adormecida pelo auto abandono. (Ivonete Rosa/ @ivoneterosapsi)