Namoro à distância: será que compensa?

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Texto de Ivonete Rosa|@ivoneterosapsi

Namoro à distância: será que compensa?

Recebo, com frequência, pedidos de seguidores(as) para que eu escreva sobre esse tema. Ok, o desejo de vocês é uma ordem. Vamos lá!

Eu tenho uma razoável experiência sobre relacionamentos à distância, já tive três namoros nesse formato. Além disso, conheço muitas vivências alheias que me chegam por meio dos atendimentos psicoterapêuticos, dos relatos nas minhas redes sociais e das pessoas do meu convívio.

Vou dizer o que penso: considerando o que vivi, percebo que foram experiências que tiveram mais ônus do que bônus. Veja bem: você se vê comprometido, porém sozinho(a) na maior parte do tempo. Chega final de semana, você sente uma baita vontade de estar com a pessoa, de namorar, passear etc., mas ela está a milhas de distância de você. Bate uma sensação de estar perdendo tempo e desperdiçando vida. Por mais que a tecnologia colabore, nada substitui o toque, o cheiro e a presença física.

E a parte financeira? Haja bolso para manter um relacionamento desse! Principalmente de uns tempos para cá em que as passagens aéreas estão caríssimas. São muitos gastos envolvidos, principalmente para nós, mulheres. É que, diferente da maioria dos homens, que compõem a bagagem com algumas bermudas e camisetas surradas, as mulheres gostam de impressionar com roupas novas, lingeries, perfumes e tantos outros detalhes, que no final, oneram demais o orçamento delas.

Pegando o gancho do gasto financeiro das mulheres, inclua, na fatura a frustração que muitas sentem ao desembarcar no aeroporto da cidade do namorado, toda cheirosa, cabelos lindos, super bem-vestidas e, encontrarem   o “bonito” dentro de uma muda de trapos, com a barba sem fazer, com as pernas cinzentas porque não teve a coragem de passar um hidratante sequer. Já me aconteceu de chegar no aeroporto toda montada na elegância e encontrar o namorado parecendo um mendigo. A vontade foi de pegar um voo de volta, é sério. Pior ainda quando algo assim acontece no primeiro encontro, é de lascar.

Mais sobre os gastos femininos. Há casos em que a mulher gasta horrores para ir ao encontro do cara e, ao chegar lá ainda tem que rachar comida, passeios etc. Rachar na melhor das hipóteses, sei de casos em que a mulher pagou praticamente tudo sozinha. Eu não estou falando dos homens que têm pouca condição financeira e agem com transparência desde o início. Eu me refiro aos que têm condições, mas são tão avarentos que simplesmente exploram a mulher. O cara é incapaz de pensar: puxa vida, ela se desdobrou para vir, gastou tanto, veio toda maravilhosa, me trouxe presentes. O mínimo que ela merece é um jantar maravilhoso. Não, o cara tem a capacidade de dividir um copo de água. Eu não estou exagerando, hein. E não estou generalizando, sei que há exceções. Deve ter homens bacanas, com outra postura.

Outra queixa comum: ir longe para passar 8 dias com a pessoa, com a expectativa de viver dias inesquecíveis, mas chega lá, brigam por qualquer bobagem e passam uns 5 dias emburrados. Ou seja, dos 8 dias, se peneirar direitinho, talvez escapem 3 dias líquidos de qualidade. O resto do tempo foi mesclado com choro, indiferença, vontade de ir embora, gritaria no hotel, almoço solitário etc e tal.  Detalhe: o feed das redes sociais costuma estar recheado de fotos lindas, tiradas no primeiro dia da temporada.

Mais uma questão: À distância, você não lida com a real personalidade da pessoa. É tudo maquiado. Sabe aqueles detalhes que só o convívio próximo mostra? Pois é. Há namoros que duram, por exemplo, um ano. Mas se fosse um namoro “presencial” talvez só durasse um mês, porque as máscaras cairiam rapidinho.

Eu sei que muitos relacionamentos à distância deram e continuarão dando certo. Acredito que, nesses casos, o sentimento foi verdadeiro e os dois fizeram valer cada oportunidade.

Há muitos outros fatores envolvidos nessa configuração de relacionamento: redes sociais, desconfianças, paranoias…contatinhos. Enfim, fatores que também interferem nas relações presenciais, mas que são potencializados nas relações à distância.

Ah, calma aí, será que não tem nada de bom? Hum, tem sim, a euforia das viagens, a expectativa de matar a saudade…só enxergo isso. Lembrando que, quando a relação é longa e conturbada, é comum gatilhos serem acionados durante os preparativos dos encontros. Que gatilhos são esses? Incerteza se vai haver brigas ou não; medo de chegar no dia da viagem e estarem brigados etc.

Se me perguntarem se eu namoraria à distância novamente, eu responderia: não tenho a mínima disposição para isso. Acho que não tenho mais saúde mental para tanto. Já gastei a minha cota. Texto de Ivonete Rosa | @ivoneterosapsi

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