Hoje, reencontrei a minha versão adolescente
Hoje, reencontrei a minha versão adolescente
Hoje, 08 de dezembro de 2022, me conectei à minha versão adolescente. Foi um encontro emocionante, lágrimas rolaram. Vou explicar: saí de casa por volta de 10h para procurar um vestido de festa para alugar. A intenção era estacionar numa avenida onde ficam várias lojas de locações de vestidos, mas como não achei vaga, fui em direção ao centro de Taguatinga, um dos bairros daqui do DF. Depois de muito rodar, entrei numa rua, e avistei uma única vaga exatamente em frente ao portão do colégio onde cursei o ensino médio ( dos meus 15 aos 17 anos).
Estacionei. O portão estava aberto. Deis alguns passos até o pátio do colégio. Um baú de memórias brotou, instantaneamente. Me vi naquele lugar, voltei no tempo. Entre os anos de 1990 e 1993 a minha versão adolescente estava ali todas as manhãs. Quando dei por mim, as lágrimas estavam lavando o meu rosto.
Imediatamente, foi tomada por uma necessidade de agradecer àquela adolescente que contribuiu para que eu me tornasse a mulher que sou hoje. Então, eu comecei a balbuciar algumas palavras, discretamente. Eu disse: eu te agradeço, moça, por não ter desistido de nós. Obrigada por tudo o que você suportou para que eu tivesse a vida que eu tenho hoje. Eu me lembro de você olhando a fila da cantina, com fome, mas sem um centavo para comprar um lanche. Eu sinto muito, me perdoe, eu te amo, sou grata. Eu também me lembro que você caminhava 40 minutos diariamente para chegar até esse lugar, porque não tinha dinheiro para pegar um ônibus. Eu quero te falar que sou profundamente grata e orgulhosa de você. Todo o seu esforço valeu a pena. Olha que carro bacana ali fora, você me ajudou a adquiri-lo. Ali do outro lado do muro, fica um quartel do Corpo de Bombeiros, pois é, hoje eu faço parte dessa instituição tão honrada.
Olhei para o outro lado do pátio, e avistei a biblioteca Machado de Assis. Eu era frequentadora assídua daquele lugar. Motivo: eu ia copiar o conteúdo dos livros que eu não tinha. Apesar de ser uma escola pública, nem todos os livros eram disponibilizados. Eu me virava nos trinta para ter os conteúdos das provas. Eu disse: moça, quem diria, né? Como o mundo dá voltas! Hoje, o seu livro pode fazer parte dessa biblioteca.
Chorei. Me arrepiei e segui em busca do meu vestido. Foi um encontro bonito. Não foi acaso. Foi Deus me mostrando que tudo valeu a pena e que tenho muito para caminhar. Pernas fortes, eu tenho. Alma gigante, também. Eu vou seguindo cheia de entusiasmo. Uma mulher madura, com uma alma adolescente.