Mãe, a senhora é grande, e eu sou pequena

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Mãe, a senhora é grande, e eu sou pequena

Mãe, 12 anos nos separam, fisicamente, mas eu vejo a senhora. Trago vivas as lembranças do que vivemos. Eu me lembro de nós duas molhando a horta na beira do rio, quando eu tinha entre 6 e 10 anos. Ainda sinto o cheiro daquelas hortaliças, especialmente, do coentro e da cebolinha.

Mãe, me pareço tanto com a senhora. Um dia desses, fui tomar banho e senti uma imensa vontade de te agradecer pelos meus cabelos. São idênticos aos seus, e eu amo essa herança. Eu também herdei muito da sua personalidade. Assim como a senhora, gosto muito de ficar sozinha, no meu mundo.

Mãe, eu te honro. Eu te celebro. Eu manifesto a minha gratidão por tudo o que recebi da senhora. Não estou dizendo que a senhora foi perfeita, mas foi a mãe que eu precisei. A senhora me deu o essencial: a vida. Está tudo certo entre nós, mãezinha. Eu não tenho nada do que me queixar, as dores que eu tinha já foram ressignificadas, hoje, só resta o amor. Eu entendi que a senhora foi a melhor mãe que conseguiu ser. Eu dei conta de seguir a vida com o que recebi da senhora, muito obrigada, a senhora não me deve absolutamente nada.

Pouco importa, mãe, os meus diplomas, e se a senhora era analfabeta. A senhora é grande, e eu sou pequena. Eu ocupo o meu lugar de filha.

Obrigada, mãe, por tudo o que a senhora enfrentou para que eu pudesse existir. Tudo foi como teve que ser. As suas digitais ficaram em mim, além do seu DNA. Eu me conecto com a senhora todas as vezes em que vejo flores, animais, vestidos floridos com a cintura marcada.

Obrigada, mãe, por ter sido exatamente quem foi. Receba o meu amor, onde a senhora estiver. Olhe por mim sempre, minha rainha, e por seu neto. Desde que nos despedimos, há 12 anos, nunca houve um dia sequer que eu não pensasse na senhora. A saudade é uma visita constante. Eu te amo.

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