CARTA AO MEU FILHO GABRIEL
Carta aberta ao meu filho
Filho, eu espero que você compreenda que, enquanto eu exercia a minha maternidade, eu também estava me curando. Tenha em mente que a sua mãe tinha muitas feridas, medos, traumas, bloqueios, inseguranças e um profundo medo de não dar conta de criá-lo sozinha.
Hoje, eu olho para trás e me dou conta de que muita coisa seria diferente se, na época, eu tivesse a consciência que tenho hoje. Contudo, escolho me acolher e sentir orgulho pelo o que fui capaz de fazer, afinal, eu entreguei o meu melhor com a consciência que eu tinha. E, de verdade, espero que você também sinta isso por mim.
Como psicóloga, eu trago uma certeza: pai e mãe sempre serão tema de terapias dos filhos, por mais que eles tenham feito o melhor. É que não existe um manual ensinando as pessoas a criarem filhos, acaba que vamos fazendo o que conhecemos, basicamente repetimos o que recebemos dos nossos pais.
Dizem que quando nasce uma mãe, nascem várias culpas. Como aprendi a me perdoar e a ser mais amorosa comigo mesma, eu abandonei as culpas, afinal, elas nunca me ajudaram em nada. Então, ao invés de pensar “eu me culpo por tal coisa”, eu digo “eu não faria aquilo com a consciência que tenho hoje”. Então, se eu voltasse no tempo, eu teria te escutado mais, eu teria sido menos rígida. Acontece, filho, que eu não consegui ser diferente e, por trás de cada atitude disfuncional, existia a certeza de que eu estava fazendo o certo, o melhor por você.
Eu era pai, mãe, provedora, educadora, orientadora…conselheira. Em paralelo a tudo isso, eu estava enfrentando as minhas questões emocionais, as minhas feridas. E em nosso mundo, éramos, praticamente, só nós dois. A minha maternidade foi muito solitária, eu não tinha rede de apoio, e os nossos familiares moravam longe.
Nós já passamos muitos perrengues, alguns eu até evito de relembrar. Contudo, hoje só consigo sentir gratidão. Erramos muito, mas sempre procuramos aprender com os nossos erros. Em tudo, vejo o cuidado e o amor de Deus para conosco, meu filho. Na verdade, vivemos muitos milagres em nossa trajetória.
25 anos se passaram. Eu quero falar do orgulho que sinto de você, meu campeão. Claramente, você é a minha realização mais bem-sucedida. Vira e mexe eu o vejo dando alguma entrevista, e penso: caramba, ele é meu filho! Eu fiz um excelente trabalho! Dá gosto de ver o homem, o pai, o marido e o profissional que você vem se tornando. Eu só tenho que agradecer a Deus e celebrar. Hoje em dia, quando me pego sentindo alguma insegurança sobre o meu poder, sobre a minha capacidade de realizar algo, eu me lembro de você e penso: olha o homem que eu criei sozinha!!! Eu dou conta de qualquer coisa!
Eu o admiro pela sua garra, pela sua dedicação, pela sua força, pela sua resiliência e pela sua competência ao fazer aquilo que faz os seus olhos brilharem. Você nasceu para o sucesso, e o mundo vai testemunhar isso. Como sei disso? É simples: você está vivendo o seu chamado, o seu propósito de alma, e está dando o seu melhor. Não tem como dar errado. É só uma questão de tempo, meu filho.
Meu filho, parabéns pela linda família que você construiu. Obrigada por ter me dado um neto tão lindo, eu amo tanto esse anjo. É um amor que expande o meu coração.
Que Deus o abençoe e o ilumine em cada respiração. Que Arcanjo Miguel o guarde embaixo de suas asas. Obrigada por ter me escolhido como mãe. Me perdoe por tudo aquilo que traz memórias desconfortáveis ou dolorosas.
Feliz aniversário, campeão! Que sua vida seja longa, linda, gratificante e cheia de realizações.
“Mãe ama ele”.