Completei meio século de vida!

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No dia 12 de janeiro de 2025, completei meio século de vida. Se alguém me perguntar como me sinto, a resposta é: sinto-me agradavelmente surpreendida. Não significa que transitar por 50 janeiros tenha sido um mar de rosas, mas é que para a minha grande surpresa, continuo florescendo e frutificando juntamente com o pratear dos meus cabelos.
Eu, que cresci ouvindo que “cavalo velho não aprende a marchar”, sinto-me agraciada com sementes fecundando o meu ser em pleno climatério. Encontro-me grávida de múltiplos sonhos. É uma gravidez que traz um certo risco. Sim, risco de trazer mais cores à minha vida. Eu estou descobrindo novas habilidades e me desafiando a enfrentar limitações que eu já havia encarado como sentenças irrevogáveis.
Biologicamente, sou mãe de um filho e avó de um neto. Contudo, venho parindo novas versões de tempos em tempos. Revelei-me uma parideira de mão cheia. Tenho assumido a missão de trazer à tona as tantas mulheres que existem em mim, escondidas sob os escombros dos abusos, da negligência e das crenças limitantes herdadas da minha ancestralidade.
Eu nasci de parto normal, contudo, muitas de minhas novas versões têm vindo à tona por partos fórceps. Muitos dos meus “eus” ressurgiram após os meus naufrágios. As minhas sementes germinam adubadas com as cinzas das minhas ilusões. Precisei queimar muitos devaneios para parir um eu sustentável.
De vez em quando me pego perguntando: onde será que foi parar aquela mulher que acreditava e sonhava com aquelas coisas? Para onde foram aqueles sonhos? Sinto falta da minha inocência perdida pelos golpes da vida. Eu sinto muito pela minha versão ingênua que só acordou depois de muitos solavancos. Ela não merecia nada daquilo, mas não há mais nada que possa ser feito. A essas alturas, com a vida se afunilando, não há tempo para chorar o leite derramado.
De verdade, me sinto feliz e grata com a chegada dos meus 50 anos. A minha história é única, eu a construí com lágrimas, persistência, renúncia, risos, fé e despedidas.
Estou aprendendo a me amar, esse romance é novo e muito promissor. A cada dia, assumo o compromisso de me tratar com mais respeito e compaixão. Estou aprendendo a dar a mim mesma, o que eu buscava nas minhas relações. A mulher que no passado buscava um salvador para si, aprendeu a se responsabilizar pelas próprias escolhas e cocriar a vida que deseja.
Estou abrindo espaço para a permissão em minha vida. Estou alargando o meu senso de merecimento. Estou fazendo as pazes com a abundância e com a prosperidade em todos os aspectos da vida. Estou focada no que é real e consistente. Tenho liberado perdão aos outros e a mim mesma. Descobri que a mágoa nos ancora numa narrativa que não nos permite fluir.
Estou ornamentando o meu templo interior. Joguei muitos entulhos fora. Abri as janelas, estou deixando o sol entrar, aquecer, iluminar e transmutar as memórias densas.
Eu, que sempre tive intimidade com a terra e as plantas, tenho me empenhado em cuidar do canteiro da minha alma. Por aqui, há de tudo um pouco: sementes plantas, mudinhas brotando, plantas florescendo, plantas frutificando. Há também frutos prontos para serem colhidos.
Se no passado, eu pudesse prever que os 50 teriam essa cara, juro que não teria sentido medo de vivê-los.
Eu sou grata por chegar a essa fase da vida cheia de saúde e entusiasmo e com a mente e alma transbordando fertilidade. Ivonete Rosa

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