A baixa autoestima e as relações tóxicas: uma atração fatal.

A baixa autoestima e as relações tóxicas: uma atração fatal.

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Por Ivonete Rosa – [insert_php]echo get_the_date(‘d F Y’);[/insert_php]

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Você conhece alguém que se submete aos maus tratos nos relacionamentos amorosos? Neste momento, lendo este texto, vem em sua lembrança alguém que  se comporta com total submissão dentro de um relacionamento, aceitando humilhações, traições, desrespeito e até mesmo agressões físicas?

Certamente, toda pessoa conhece alguém que vive ou já viveu essa realidade tão deprimente, como também é possível que este conteúdo  esteja nas mãos de alguém que esteja vivendo esse pesadelo em forma de relacionamento.

É fato que perceber uma pessoa querida vivendo um relacionamento abusivo nos causa uma série de sentimentos conflituosos. Causa muita indignação ver uma pessoa cheia de atributos intelectuais, físicos e morais sendo tratada como se fosse um entulho, pior ainda, é perceber a passividade dessa vítima, aceitando tudo sem nada questionar e ainda demonstrando muito temor em perder o seu algoz a quem ela refere-se como “amor”.

Nesse contexto,  a vítima  será sempre vista como alguém que “não tem vergonha na cara”, “que só dá valor em quem não presta” dentre outros  julgamentos. O que a maioria das pessoas talvez não compreenda é o motivo que leva alguém a se posicionar dessa forma nos relacionamentos amorosos e, também, em outros contextos.

Ocorre que costumamos avaliar as pessoas pelo o que elas apresentam externamente, então,  diante de uma pessoa bonita e culta, tendemos a acreditar que ela é dona de si e que faz sempre as escolhas mais sensatas.

Entretanto, não é bem assim que a coisa funciona. Nem sempre uma pessoa com um elevado nível intelectual possui independência emocional. Esses dois atributos, não são, necessariamente, vinculados. Inteligência emocional e autoestima não são adquiridos nas cadeiras das universidades. Obviamente, uma pessoa esclarecida intelectualmente e com independência financeira terá menor vulnerabilidade no que se refere às relações abusivas, uma vez que ela não terá a dependência econômica como um fator agravante que  dificulta a ruptura de uma união tóxica.

A forma como uma pessoa se comporta num relacionamento afetivo é o reflexo da forma como ela se percebe. Normalmente, essas  vítimas  aprenderam, em alguma fase da vida ou ao longo da vida, que isso é normal e aceitável.

Provavelmente, essa pessoa tenha vindo de um contexto familiar desajustado, onde, dentre outras disfunções, presenciava o pai agredindo, física e emocionalmente, a própria mãe, por exemplo. Ela aprendeu a associar o amor à dor e ao desrespeito, então, ainda que ela adquira esclarecimentos teóricos sobre a forma saudável de se relacionar, aquilo que ela viveu na prática  terá um peso gigante em sua percepção.

Contudo,  vale lembrar que esse quadro não é irreversível. É fundamental que a vítima se disponha a buscar essa desconstrução. O processo pode ser lento, mas vale a pena investir todos os esforços nessa busca, que tem na psicoterapia individual, uma poderosa aliada.

As vítimas de relacionamentos tóxicos não se percebem como pessoas dignas e merecedoras de afeto e respeito. No geral, elas não exigem nada do parceiro, elas se percebem como inferiores demais para pedir algo ou manifestar alguma vontade. Tudo o que vier será aceito, e, como elas temem muito a rejeição, elas evitam, ao máximo, contrariar o parceiro.

Essas pessoas não têm a menor consciência da beleza física, ou de qualquer outra virtude que possuam. Elas  já entram no relacionamento com a autoestima adoecida e, se ainda tinha algum resquício de amor próprio ele se extingue  na convivência com o parceiro.

Reforçando que a construção da autoestima e a percepção de si próprio como um sujeito digno de amar, de ser amado, de ser respeitado e de ser tratado com dignidade poderá ser reforçado nos bancos das escolas e universidades, porém, essa compreensão será adquirida pelo sujeito no seu contexto familiar, o seu núcleo de referência. Fatores como abusos (sexuais, físicos e emocionais) e abandono afetivo podem estar relacionados com esse sentimento de menos valia.

Vale lembrar que, no geral, o histórico de relações abusivas tendem a se perpetuar se não sofrer uma interrupção, dessa forma, as vítimas farão novas vítimas, repassando o modelo doentio de se envolver afetivamente aos seus descendentes. Se você se identificou com esse conteúdo ou conhece alguém que passa por isso, busque ajuda, invista em seu autoconhecimento. A psicoterapia é uma excelente ferramenta para ajudá-la nesse processo. Quebre esse círculo, nunca é tarde para resgatar-se. Boa sorte!

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