Oferte o seu colo à criança machucada que existe em você.
Oferte o seu colo à criança machucada que existe em você.
Ivonete Rosa – [insert_php]echo get_the_date(‘d F Y’);[/insert_php]
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O nosso “eu” adulto precisa exercitar a compaixão pela criança que fomos.
Se é para perdoar, perdoe a si primeiramente, e, então terá condições de perdoar o outro. A temática do perdão é amplamente difundida, em especial, nos contextos religiosos e espiritualizados, porém, no geral, prega-se aquele perdão liberado ao outro. Percebe-se que o auto perdão é muito pouco estimulado. Mas não precisamos da autorização de ninguém para começarmos a nos perdoar hoje, ou melhor, agora.
Certamente, todos nós carregamos lembranças tristes e revoltantes com as quais nos sentimos machucados ou mesmo revoltados. Lembranças que nos maltratam e que até comprometem a nossa saúde emocional, e que ainda nos arrancam lágrimas, independente do tempo que passou.
É que, por vezes, somos tomados por uma enorme indignação ao nos darmos conta de que fomos maltratados e ultrajados por pessoas que tinham o dever de nos proteger.
Algumas vivências dolorosas são superadas e percebemos apenas as cicatrizes delas, seja na alma ou no corpo. Essas cicatrizes nos fazem lembrar de que sobrevivemos e superamos, apesar de todas as dificuldades.
Entretanto, existem aquelas experiências traumáticas que nunca conseguimos elaborar, as quais se transformaram em feridas abertas que ainda sangram de vez em quando, basta que elas sejam tocadas.
Muitas das nossas feridas da alma são oriundas das vivências traumáticas da infância. Então, ocorre de muitas pessoas tocarem a vida consumidas por culpas que não pertencem a elas, visto que elas foram vítimas das circunstâncias ou da negligência de pessoas que deveriam ter cuidado delas. Isso ocorre porque uma pessoa sequelada por maus tratos e abusos na infância, por vezes, perde o discernimento, e sai da condição de vítima assumindo, injustamente, o papel de culpada. Se essa pessoa tiver o privilégio de se submeter ao processo de psicoterapia, ela terá clareza necessária para perceber a situação vivida.
Diante disso, essa vítima poderá reelaborar aquelas vivências tão dolorosas, adquirindo uma nova forma de enxergar tudo o que lhe aconteceu. O nosso “eu” adulto precisa exercitar a compaixão pela criança que fomos.
Se você se viu um dia na condição de uma criança abandonada e maltratada, libere-a da culpa e oferte o seu colo a ela.
Volte no tempo e olhe essa criança com compaixão e ternura. Abrace-a e proteja-a, acaricie os seus cabelos enquanto explica que a culpa que ela sente por aqueles episódios tão dolorosos, não pertence a ela. Aquela criança precisa do adulto que você se tornou para liberá-la desse aprisionamento emocional. Apenas você poderá inocentá-la. Aquela criança implora pelo seu perdão… não negue isso a ela.
Brinque com aquela criança… gargalhe com ela. Ela precisa… ela merece.
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