Há muita curiosidade disfarçada de solidariedade

 In Comportamento, Reflexão/Espiritualidade
Texto de Ivonete Rosa

Há muita curiosidade disfarçada de solidariedade

Precisamos ter muita cautela nos momentos difíceis. Quando estamos fragilizados, ficamos vulneráveis e o nosso discernimento tende a ficar comprometido. Diante disso, podemos cair em armadilhas, que são aquelas pessoas curiosas disfarçadas de ombro amigo.

Algumas pessoas nunca se interessam pelo nosso bem-estar, entretanto, são tão dissimuladas que podem nos convencer do contrário, dependendo da situação. São verdadeiros mestres na arte de se passarem por “bons samaritanos”, quando, na verdade, estão apenas buscando uma forma de acessar a intimidade do outro para colher todas as informações possíveis e, depois, expor aquela vida.

Todo o cuidado é pouco sobre com quem falar a respeito dos nossos problemas. O mundo está cheio de lobos em pele de cordeiro.  Sei bem da importância do desabafo, é maravilhoso ter com quem dividir as nossas dores, sei também que sofrer calado pode piorar, e muito, a situação. Mas, vale lembrar que as consequências de expormos os nossos problemas às pessoas erradas poderão ser mais graves do que as de sofrermos calados.

Quando estiver atribulado e sentir vontade de falar com alguém, ou alguém perceber que você está abatido e se aproximar tentando investigar a respeito, não seja impulsivo(a), pense bem se vale a pena expor algo tão delicado. É preciso avaliar o grau de intimidade que você tem com essa pessoa, bem como considerar se o outro tem a devida maturidade para lidar com a sua questão. Se ficou em dúvida, não se exponha.

Às vezes, o melhor a fazer é silenciar-se, fazer uma prece e focar na resolução do seu problema. Se é para buscar ajuda, busque-a em quem possa te oferecer algum suporte, pois falar apenas para desabafar poderá ser desastroso e as consequências, irreversíveis. Nem tudo o que sofremos precisa chegar aos ouvidos alheios, isso é prudência, é zelo com a nossa privacidade. Precisamos de discernimento nos momentos de angústia, caso contrário, teremos que lidar com os nossos problemas e as consequências de uma exposição indevida.

Nossas aflições e dores precisam, no mínimo, da empatia do ouvinte que escolhemos, e, convenhamos, nos dias atuais, esse atributo tornou-se artigo raro. A capacidade de se colocar no lugar do outro ainda não foi extinta, porém, faz-se necessário um olhar microscópico para encontrar alguém que ainda mereça a nossa confiança.  Já bem diz o provérbio popular: “prudência e água benta não fazem mal a ninguém”.

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