O fundo do poço me fez escritora e psicóloga
O fundo do poço me fez escritora e psicóloga
Algumas crises existenciais, que se assemelham a um terremoto, podem funcionar como bússolas que nos conduzem ao destino que sempre desejamos, mas, que não chegaríamos se estivéssemos em nossa zona de conforto.
Em 2016, aos 41 anos, em pleno processo de divórcio, eu lutava contra uma depressão severa. Contudo, mesmo me arrastando, eu fazia faculdade de Psicologia, psicoterapia e acompanhamento psiquiátrico. Fui afastada do trabalho por alguns meses. Eu chorava o tempo todo em casa e, na rua, eu segurava as lágrimas. Nem os medicamentos fortes bloqueavam a minha angústia. Além do desgaste emocional relacionado à separação, eu vivia uma crise existencial tão intensa ao ponto de não enxergar nenhum sentido em minha vida. Tudo estava cinzento. Tudo doía em mim.
O meu apartamento, para onde eu voltaria, com o meu filho, após a separação, estava vazio e fechado há 5 meses porque eu e meu ex-marido havíamos decidido alugar um espaço maior para morarmos. Numa sessão de terapia, o terapeuta sugeriu que, se possível, eu reformasse aquele espaço para iniciar o meu novo ciclo. Fiz um sacrifício e acatei a sugestão.
No primeiro dia da reforma, a caminho da terapia, eu fui ao apartamento. De longe eu escutava a pancadaria. Abri a porta e me deparei com um caos, tudo quebrado, revirado, e aquela nuvem de poeira cobrindo tudo. Os profissionais ficaram quietos com a minha presença. Ali, em pé, eu ouvi claramente uma mensagem que eu tenho certeza que veio do alto: “Ivonete, está vendo esse cenário, está assustador, né? Mas, vai ficar lindo e aconchegante daqui a alguns dias. A sua casa interior, a sua alma, se assemelha a isso, está toda revirada, toda despedaçada, mas vai ficar linda e organizada, em breve. Confie em mim, confie em você, confie no processo”.
Saí do apartamento toda arrepiada e, segui para a terapia. Compartilhei com o terapeuta, que acabou se emocionando com o meu insight. Algumas semanas depois, eu e meu filho nos mudamos para o nosso novo lar.
A insônia me deixava inquieta, com isso, passei a rascunhar tudo o que vinha à mente. Na época, eu não publicava textos porque não os considerava suficientemente interessantes ao ponto de serem publicados numa página de conteúdos. Eu escrevia diariamente, era uma forma organizar as minhas emoções, era como desembaraçar os nós da minha alma. Com isso, a minha vida foi ganhando cor e sentido.
Um dia, postei uma reflexão numa rede social e, várias pessoas sugeriram que eu a enviasse a algum canal de maior visibilidade. Eu a encaminhei à redação de um grande site de conteúdos motivacionais, que a publicou no dia seguinte. Naquele 3 de abril de 2017, ver minhas palavras publicadas encontrando tantas vidas se reconhecendo nelas me fez experimentar uma indescritível sensação de ressurreição. Para minha surpresa, o texto viralizou. Passei a enviar conteúdos, diariamente para a redação do site, e em poucas semanas, as demais plataformas de conteúdos motivacionais e de psicologia me convidaram para ser colunista. Minha escrita sempre foi pautada no cotidiano. São reflexões que falam de saudades, de luto, de comportamento, de superação e resiliência, contudo, ficou nítido que os meus textos que mais agradam são os que abordam os relacionamentos amorosos. Em dezembro de 2017, criei o meu próprio site, o Portal Resiliênicia.
Após um mês em meu novo lar, o psiquiatra me liberou de alguns medicamentos, fiquei apenas com um, mas em processo de desmame, ou seja, ele diminuiu a dose e deixou claro que, na próxima consulta, eu estaria completamente livre dos antidepressivos. Parece exagero, mas é real: dar vida ao meu dom foi o fio condutor da minha cura. Eu passei a me sentir viva, percebi a minha existência fazendo sentido, era como se eu tivesse procurado por isso a minha vida inteira. Era surreal pensar que, há algumas semanas, eu havia cogitado desistir da vida. Eu não era a mesma pessoa de antes. Eu estava vivendo, não apenas existindo.
Eu reiniciei a minha trajetória, fiz novas escolhas, me tornei protagonista da minha história. Investi na terapia, percebi que até ali, eu vivia me violentando para agradar aos outros, chegando ao ponto de me casar sem nenhuma empolgação. Hoje, eu sei quem sou, sei do que quero e, principalmente, sei do que não cabe em mim. Me afastei de pessoas tóxicas, me priorizei, e esse é um caminho sem volta.
Agora, estou colhendo os frutos, mas continuo plantando novas sementes. Me formei em Psicologia em dezembro de 2019, tenho a minha agenda cheia, estou usando os meus perrengues do passado para ajudar outras pessoas, especialmente, as mulheres. Meus textos estão circulando pelo Brasil e pelo mundo.
Eu olho para trás e entendo que tudo o que sofri teve um propósito: me alinhar à minha essência. Meu nome é gratidão, meu sobrenome é resiliência.
O fundo do poço me fez escritora e psicóloga
Algumas crises existenciais, que se assemelham a um terremoto, podem funcionar como bússolas que nos conduzem ao destino que sempre desejamos, mas, que não chegaríamos se estivéssemos em nossa zona de conforto.
Em 2016, aos 41 anos, em pleno processo de divórcio, eu lutava contra uma depressão severa. Contudo, mesmo me arrastando, eu fazia faculdade de Psicologia, psicoterapia e acompanhamento psiquiátrico. Fui afastada do trabalho por alguns meses. Eu chorava o tempo todo em casa e, na rua, eu segurava as lágrimas. Nem os medicamentos fortes bloqueavam a minha angústia. Além do desgaste emocional relacionado à separação, eu vivia uma crise existencial tão intensa ao ponto de não enxergar nenhum sentido em minha vida. Tudo estava cinzento. Tudo doía em mim.
O meu apartamento, para onde eu voltaria, com o meu filho, após a separação, estava vazio e fechado há 5 meses porque eu e meu ex-marido havíamos decidido alugar um espaço maior para morarmos. Numa sessão de terapia, o terapeuta sugeriu que, se possível, eu reformasse aquele espaço para iniciar o meu novo ciclo. Fiz um sacrifício e acatei a sugestão.
No primeiro dia da reforma, a caminho da terapia, eu fui ao apartamento. De longe eu escutava a pancadaria. Abri a porta e me deparei com um caos, tudo quebrado, revirado, e aquela nuvem de poeira cobrindo tudo. Os profissionais ficaram quietos com a minha presença. Ali, em pé, eu ouvi claramente uma mensagem que eu tenho certeza que veio do alto: “Ivonete, está vendo esse cenário, está assustador, né? Mas, vai ficar lindo e aconchegante daqui a alguns dias. A sua casa interior, a sua alma, se assemelha a isso, está toda revirada, toda despedaçada, mas vai ficar linda e organizada, em breve. Confie em mim, confie em você, confie no processo”.
Saí do apartamento toda arrepiada e, segui para a terapia. Compartilhei com o terapeuta, que acabou se emocionando com o meu insight. Algumas semanas depois, eu e meu filho nos mudamos para o nosso novo lar.
A insônia me deixava inquieta, com isso, passei a rascunhar tudo o que vinha à mente. Na época, eu não publicava textos porque não os considerava suficientemente interessantes ao ponto de serem publicados numa página de conteúdos. Eu escrevia diariamente, era uma forma organizar as minhas emoções, era como desembaraçar os nós da minha alma. Com isso, a minha vida foi ganhando cor e sentido.
Um dia, postei uma reflexão numa rede social e, várias pessoas sugeriram que eu a enviasse a algum canal de maior visibilidade. Eu a encaminhei à redação de um grande site de conteúdos motivacionais, que a publicou no dia seguinte. Naquele 3 de abril de 2017, ver minhas palavras publicadas encontrando tantas vidas se reconhecendo nelas me fez experimentar uma indescritível sensação de ressurreição. Para minha surpresa, o texto viralizou. Passei a enviar conteúdos, diariamente para a redação do site, e em poucas semanas, as demais plataformas de conteúdos motivacionais e de psicologia me convidaram para ser colunista. Minha escrita sempre foi pautada no cotidiano. São reflexões que falam de saudades, de luto, de comportamento, de superação e resiliência, contudo, ficou nítido que os meus textos que mais agradam são os que abordam os relacionamentos amorosos. Em dezembro de 2017, criei o meu próprio site, o www.portalresiliencia.com.br
Após um mês em meu novo lar, o psiquiatra me liberou de alguns medicamentos, fiquei apenas com um, mas em processo de desmame, ou seja, ele diminuiu a dose e deixou claro que, na próxima consulta, eu estaria completamente livre dos antidepressivos. Parece exagero, mas é real: dar vida ao meu dom foi o fio condutor da minha cura. Eu passei a me sentir viva, percebi a minha existência fazendo sentido, era como se eu tivesse procurado por isso a minha vida inteira. Era surreal pensar que, há algumas semanas, eu havia cogitado desistir da vida. Eu não era a mesma pessoa de antes. Eu estava vivendo, não apenas existindo.
Eu reiniciei a minha trajetória, fiz novas escolhas, me tornei protagonista da minha história. Investi na terapia, percebi que até ali, eu vivia me violentando para agradar aos outros, chegando ao ponto de me casar sem nenhuma empolgação. Hoje, eu sei quem sou, sei do que quero e, principalmente, sei do que não cabe em mim. Me afastei de pessoas tóxicas, me priorizei, e esse é um caminho sem volta.
Agora, estou colhendo os frutos, mas continuo plantando novas sementes. Me formei em Psicologia em dezembro de 2019, tenho a minha agenda cheia, estou usando os meus perrengues do passado para ajudar outras pessoas, especialmente, as mulheres. Meus textos estão circulando pelo Brasil e pelo mundo. Em 25 de março de 2022, foi publicado o meu primeiro livro “A minha vida começou aos 40”.
Eu olho para trás e entendo que tudo o que sofri teve um propósito: me alinhar à minha essência. Meu nome é gratidão, meu sobrenome é resiliência.