Ser Bombeiro(a)

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Texto de Ivonete Rosa

Ser Bombeiro(a)

Arrepiar-se ao som da sirene, mesmo de folga.

Parar o carro no acostamento da rodovia, em plena viagem de férias, para prestar socorro ao acidente que acabou de acontecer.

Sentir a pele ardendo pelo calor das chamas, até ver extinta a última fagulha;

É pensar no filho ao socorrer uma criança.

É socorrer alguém infartando e pensar: meu Deus, foi esse mal que me deixou órfã de pai e de mãe.

É experimentar um misto de gratidão e angústia ao socorrer um morador de rua assolado pela madrugada gelada. Lembramos que, em algum lugar, existe uma cama quentinha nos esperando. Pensamos, também, que talvez aquela vida tenha uma mãe, em algum lugar pensando nela.

É ouvir em meio ao caos, vozes de alívio gritando: “Graças a Deus os Bombeiros chegaram”!

É atender um acidente automobilístico de madrugada, se deparar com um adolescente sem vida, e a mãe ligando sem parar no celular dele. Nossas pernas tremem enquanto os integrantes da guarnição trocam olhares angustiados.

É fazer amigos, é dar gargalhadas no pátio do quartel, é torcer para que chegue logo o próximo plantão para desabafar com o(a) amigo(a) que tanto te entende;

É se apaixonar pelo(a) colega de farda, namorar, casar, ter filhos, formar uma família. Sim, acontece, ainda não criaram um regulamento rígido o suficiente para impedir o amor de se manifestar. As paixões também nascem em meio às continências.

É mostrar garbo e elegância nos desfiles de 7 de setembro. É se emocionar cantando o hino nacional, o hino à bandeira e a canção do soldado do fogo em nossas solenidades;

É entender que, dentro da farda, representamos uma instituição de maior credibilidade do mundo.

É colocar as nossas dores no bolso da gandola para dar suporte a quem precisa.

É sentir o ônus da responsabilidade, e o bônus do reconhecimento.

É ser o primeiro a ser lembrado pelos vizinhos quando algo foge à normalidade;

É chorar enquanto escreve este texto.

Ivonete Rosa

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